Que pessoa inacreditável, um ser que introduz a dúvida entre o real e a fantasia. Desperta sensações, desafia e atrai com sua verdade incontida. Tem toda a contradição do sexo. E que delicadeza incompreensível!
É uma mulher apenas. Onde habita infinitos universos. Uma mulher que as vezes chora e uma menina que as vezes rir. E que vive distribuindo encantos, despertando amores. Que é mulher, porque é intensa, exagerada e facilmente impressionável. Tem os braços fantasiados de porto seguro e os olhos sedutores de um final de tarde. É mesmo uma apologia explícita da beleza. Linda! Linda! Murmuro isso na cabeça enquanto contemplo o âmago da tua natureza. Um labirinto, talvez, sem saída. Toda mulher é no fundo uma despedida. Eu vou pra fora de mim. Eu procuro o caminho_ nas preferências, nas ideologias, na história de vida_ que me fará entrar em ti e ficar. Perder a chave e nunca mais sair. Habitar teu corpo, tua vida e, de vez em quando, esquecer de mim.
É isso. Um sem fim de impressões, de sensações, de desejos. Mas ainda um tanto intangível. E pode ser tudo metáfora, delírio. Elementos comuns numa pessoa volúvel. Não sei querida, se tanta grandeza e legitimidade no ser me deixou descrente, ou se ando negando o óbvio.
Mas não me preocupo, não me assusto. Essa estranheza que toma conta de mim, que faz eclodir atitudes desconhecidas, são reflexos de um mistério profundo e de completa incerteza. O que eu faço? Preciso fazer alguma coisa? Ou posso apenas admirar, tatear sua beleza? E encontrar depois o nome ou inventar um substantivo concreto que defina bem isso. Sei lá. É tanta coisa possível. Inclusive a negação inconsciente de que ‘isso’ deve se expandir, ganhar asas e evoluir. Um risco que tá me custando uma lacuna na minha previsão do futuro. É isso. Não sei se vai vingar. Talvez você nada entenda. Compreender uma mensagem através de linhas escritas de uma mulher para outra, é labor para um Deus. Mas fica, acima de tudo, meu elogio verdadeiro e minha cara pasma “diante da visão da infinita beleza” - C. V.
"...pois o belo, não é senão, o princípio do espanto, que mal conseguimos suportar. E ainda assim o admiramos, pois sereno, deixa de nos destruir." Rainer Maria Rilke