Quem sou eu

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"... dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Uma solidão de artista e um ar sensato de cientista… tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna." Caio Fernando Abreu

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Motivos


Pela vida que eu iria te dar
Pelos livros que eu iria te indicar
Pelas canções que iria te dedicar
Pelos versos que eu iria te falar
Pelos olhares, pelo toque
Pelo amparo
Pelo sim e pelo não
Pelo meu coração
Pelos domingos de muita emoção
Pela beleza, pela sua grandeza
Pela mesa, pelo fogão
Pela pessoa que eu sou
e pelo o que não tem explicação

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Prece das Aspirações Pessoais



Que eu possa encontrar um ponto de sanidade no meio de tanta loucura
Que eu possa sofrer as dores da alma e do corpo e atrever-me a dizer que “nem doeu”
Que eu saiba ser feliz, tomada da mais absoluta convicção, ainda que sozinha
Que eu possa reconhecer o valor das coisas triviais e dá-lhes o merecido sentido
Que eu encontre o amparo divino fora das ilusões
Que eu possa e
ncarar o meu espelho algumas vezes na semana
Que eu admita a comicidade impagável da espécie humana
Que eu vivencie sem desespero toda tragédia cotidiana
Que eu permita ser invadida, mas nunca violada
Que eu saiba sair de cena como exercício de alteridade diária
Que eu sustente meu universo com os braços ternos da maternidade
Que eu saiba ser doce e suave sem perder a força e a vitalidade
Que eu esteja imune a conformidade
Que eu possa silenciar sem deixar de estar presente
Que eu suporte os remédios amargos e o peso da sabedoria
Por fim, depois de toda graça alcançada,
Que eu possa tirar as sandálias e curvar meu ser inteiro

Julliana Soares

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Lembranças




De repente a gente volta no tempo. Um cheiro, uma imagem, uma música, uma palavra, uma ação. São vários os meios de transporte para o passado. Hoje me lembrei de que quando tinha por volta dos oito anos de idade, eu adorava brincar sozinha entre os lençóis perfumados que minha mãe pendurava no varal no fim da tarde. Era como se eu transitasse entre diferentes dimensões em instantes. E na brincadeira de criança eu já pensava na relatividade das coisas. Suspiro profundo. A simplicidade sábia da infância deveria ser preservada. Adultos, nos tornamos graves e ser feliz dá muito mais trabalho. O crepúsculo sempre foi minha hora mágica do dia, quando em casa eu gozava plena a felicidade e o amparo da família. Descobria o mundo intrigada com os espetáculos da natureza. Agora, um pouco mais a frente na estrada, ainda fico tonta com tanta beleza irradiada. 

Julliana Soares

Eu Quero o Verbo Amar


Eu quero o verbo profano, sem nenhum adorno humano
Que vibre como um piano e embale meu verso insano.
Não tenho nada para levar.
Adormeci com ar superior, acordei no meu interior
Com a lucidez rebenta de um instante de esplendor
Não tenho nada para deixar
Eu quero amor em verso, versátil, controverso,
Que sopre em meu ouvido chamas de filosofia
Que plante em minha alma uma pequena fantasia
Até tudo acabar.

Julliana Soares

Pequeno Manual de Instrução

Meu ser não tem dimensão.
É como a tempestade no verão.
Vivo para dentro,
numa inversa direção.
Eu atropelo a mim,
ando na contramão.
Quando pondero,
perco qualquer razão.
Enquanto choro,
escrevo uma canção.
Sorriso aberto,
lágrimas na mão.
Misturo inconstância,
Com plena contradição.
Meu pé, não sente o chão,
Fecho a janela,
mas abro o portão,
Quero dizer sim,
e apresenta-se o não,
Posso ser Julieta,
ou Hilda Furacão.
Encontro o problema,
Perco a solução.
Gosto mais de frio
Mas amo o sertão.
Não quero andar sozinha,
Prefiro a multidão.
Sinto com o cérebro,
penso com o coração.

- Julliana Soares


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Nenhuma palavra

Quando a emoção sentida é maior que o alcance das palavras e todas elas são absolutamente inúteis, resta a carne viva e o coração à prova. Não posso dizer nada. E tudo que sinto vai escorrendo, escapando. Eu conto com os berros que me saem, cada linha dessa história mal acabada. E tudo cresce  quando sonho acordada. Foi tudo isso, poesia ácida que atingiu as vísceras da alma exposta. Eu estou aqui, dilacerada. Minha querida, você ainda consegue extrair vestígios desta memória apagada. Efêmera, talvez seja uma boa palavra.

sábado, 21 de abril de 2012

Olhar condicionado


Basta o outro lado da rua
Já conter a imagem tua
Para o tempo estacionar
E expor minha alma nua
Pra você se aproveitar

Ascendo um cigarro e atravesso a ponte
É nele que me agarro e escondo minha fronte
Num desconforto mais plausível
Eu disfarço o intangível
E ergo mais um monte.

Senhor, pra onde fica o horizonte?