As vezes perco as rédeas da minha liberdade utópica.
Eu luto contra um desejo maior do que eu mesma. Na dúvida fico sempre na posse. A vida vem repleta de provocações e me apanho rindo delas. Um bicho de sete cabeças, um pingo d'água. As vezes o óbvio, as vezes a complexidade. Besteira. Mania de ocidental que fica pensando na vida e esquece o relevante. Será? Pois é, a dúvida, mestra de toda essa angústia dizendo que há algo muito maior lá fora.
Costumo ouvir a mim mesma, é a cabeça que pensa e o corpo que sente. A defesa que avisa, o ego que grita, o risco que excita. Não tem nexo, nem caminho trilhado. Nada. Entendeu? Sou eu. Assim, toda revirada como um quarto de criança.
Eu percebo minha fantasia autoritária na história. Vou esculpindo o que eu quero. Contudo fico entediada. Pura contradição reinante, dicotomia existencial.
Senta. Beba um gole, me entorpeça e me destrone. Nada mais edificante que perder o chão. Eu não gosto de brinquedos previsíveis. Eu gosto de gente e gente não tem manual. Quero uma mistura explosiva de subjetividade com dinamicidade estrutural. Pronto. E onde fica a poesia? Talvez nos olhos de fora. Do outro lado da rua ou no tempo indelével. A poesia é independente, não vou pensar nela. Penso no mistério. É nele que eu me perco, é nele que amanheço todos os dias da minha vida. A minha alma, voa e retorna de mãos vazias. Nenhum sentido encontrado. Mas a beleza me consola. Enfim, é só constatação, não tem resposta.