Quem sou eu

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"... dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Uma solidão de artista e um ar sensato de cientista… tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna." Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 15 de março de 2012


As vezes perco as rédeas da minha liberdade utópica.

Eu luto contra um desejo maior do que eu mesma. Na dúvida fico sempre na posse. A vida vem repleta de provocações e me apanho rindo delas. Um bicho de sete cabeças, um pingo d'água. As vezes o óbvio, as vezes a complexidade. Besteira. Mania de ocidental que fica pensando na vida e esquece o relevante. Será? Pois é, a dúvida, mestra de toda essa angústia dizendo que há algo muito maior lá fora.

Costumo ouvir a mim mesma, é a cabeça que pensa e o corpo que sente. A defesa que avisa, o ego que grita, o risco que excita. Não tem nexo, nem caminho trilhado. Nada. Entendeu? Sou eu. Assim, toda revirada como um quarto de criança.

Eu percebo minha fantasia autoritária na história. Vou esculpindo o que eu quero. Contudo fico entediada. Pura contradição reinante, dicotomia existencial.

Senta. Beba um gole, me entorpeça e me destrone. Nada mais edificante que perder o chão. Eu não gosto de brinquedos previsíveis. Eu gosto de gente e gente não tem manual. Quero uma mistura explosiva de subjetividade com dinamicidade estrutural. Pronto. E onde fica a poesia? Talvez nos olhos de fora. Do outro lado da rua ou no tempo indelével. A poesia é independente, não vou pensar nela. Penso no mistério. É nele que eu me perco, é nele que amanheço todos os dias da minha vida. A minha alma, voa e retorna de mãos vazias. Nenhum sentido encontrado. Mas a beleza me consola. Enfim, é só constatação, não tem resposta.

domingo, 4 de março de 2012

Íntima beleza

Que pessoa inacreditável, um ser que introduz a dúvida entre o real e a fantasia. Desperta sensações, desafia e atrai com sua verdade incontida. Tem toda a contradição do sexo. E que delicadeza incompreensível!

É uma mulher apenas. Onde habita infinitos universos. Uma mulher que as vezes chora e uma menina que as vezes rir. E que vive distribuindo encantos, despertando amores. Que é mulher, porque é intensa, exagerada e facilmente impressionável. Tem os braços fantasiados de porto seguro e os olhos sedutores de um final de tarde. É mesmo uma apologia explícita da beleza. Linda! Linda! Murmuro isso na cabeça enquanto contemplo o âmago da tua natureza. Um labirinto, talvez, sem saída. Toda mulher é no fundo uma despedida. Eu vou pra fora de mim. Eu procuro o caminho_ nas preferências, nas ideologias, na história de vida_ que me fará entrar em ti e ficar. Perder a chave e nunca mais sair. Habitar teu corpo, tua vida e, de vez em quando, esquecer de mim.

É isso. Um sem fim de impressões, de sensações, de desejos. Mas ainda um tanto intangível. E pode ser tudo metáfora, delírio. Elementos comuns numa pessoa volúvel. Não sei querida, se tanta grandeza e legitimidade no ser me deixou descrente, ou se ando negando o óbvio.

Mas não me preocupo, não me assusto. Essa estranheza que toma conta de mim, que faz eclodir atitudes desconhecidas, são reflexos de um mistério profundo e de completa incerteza. O que eu faço? Preciso fazer alguma coisa? Ou posso apenas admirar, tatear sua beleza? E encontrar depois o nome ou inventar um substantivo concreto que defina bem isso. Sei lá. É tanta coisa possível. Inclusive a negação inconsciente de que ‘isso’ deve se expandir, ganhar asas e evoluir. Um risco que tá me custando uma lacuna na minha previsão do futuro. É isso. Não sei se vai vingar. Talvez você nada entenda. Compreender uma mensagem através de linhas escritas de uma mulher para outra, é labor para um Deus. Mas fica, acima de tudo, meu elogio verdadeiro e minha cara pasma “diante da visão da infinita beleza” - C. V.


"...pois o belo, não é senão, o princípio do espanto, que mal conseguimos suportar. E ainda assim o admiramos, pois sereno, deixa de nos destruir." Rainer Maria Rilke