Quem sou eu

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"... dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Uma solidão de artista e um ar sensato de cientista… tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna." Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Lembranças




De repente a gente volta no tempo. Um cheiro, uma imagem, uma música, uma palavra, uma ação. São vários os meios de transporte para o passado. Hoje me lembrei de que quando tinha por volta dos oito anos de idade, eu adorava brincar sozinha entre os lençóis perfumados que minha mãe pendurava no varal no fim da tarde. Era como se eu transitasse entre diferentes dimensões em instantes. E na brincadeira de criança eu já pensava na relatividade das coisas. Suspiro profundo. A simplicidade sábia da infância deveria ser preservada. Adultos, nos tornamos graves e ser feliz dá muito mais trabalho. O crepúsculo sempre foi minha hora mágica do dia, quando em casa eu gozava plena a felicidade e o amparo da família. Descobria o mundo intrigada com os espetáculos da natureza. Agora, um pouco mais a frente na estrada, ainda fico tonta com tanta beleza irradiada. 

Julliana Soares

Eu Quero o Verbo Amar


Eu quero o verbo profano, sem nenhum adorno humano
Que vibre como um piano e embale meu verso insano.
Não tenho nada para levar.
Adormeci com ar superior, acordei no meu interior
Com a lucidez rebenta de um instante de esplendor
Não tenho nada para deixar
Eu quero amor em verso, versátil, controverso,
Que sopre em meu ouvido chamas de filosofia
Que plante em minha alma uma pequena fantasia
Até tudo acabar.

Julliana Soares

Pequeno Manual de Instrução

Meu ser não tem dimensão.
É como a tempestade no verão.
Vivo para dentro,
numa inversa direção.
Eu atropelo a mim,
ando na contramão.
Quando pondero,
perco qualquer razão.
Enquanto choro,
escrevo uma canção.
Sorriso aberto,
lágrimas na mão.
Misturo inconstância,
Com plena contradição.
Meu pé, não sente o chão,
Fecho a janela,
mas abro o portão,
Quero dizer sim,
e apresenta-se o não,
Posso ser Julieta,
ou Hilda Furacão.
Encontro o problema,
Perco a solução.
Gosto mais de frio
Mas amo o sertão.
Não quero andar sozinha,
Prefiro a multidão.
Sinto com o cérebro,
penso com o coração.

- Julliana Soares