Quem sou eu

Minha foto
"... dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Uma solidão de artista e um ar sensato de cientista… tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna." Caio Fernando Abreu

sábado, 21 de abril de 2012

Olhar condicionado


Basta o outro lado da rua
Já conter a imagem tua
Para o tempo estacionar
E expor minha alma nua
Pra você se aproveitar

Ascendo um cigarro e atravesso a ponte
É nele que me agarro e escondo minha fronte
Num desconforto mais plausível
Eu disfarço o intangível
E ergo mais um monte.

Senhor, pra onde fica o horizonte?

domingo, 15 de abril de 2012

Profundamente


Que vontade de escrever pra você.

Te recordo a cada momento, por mais que eu contemple outros campos, outras flores. A paisagem refúgio/fortaleza ainda é você. De todos os abraços, sorrisos, diálogos os que se ressurgem são os seus. Hoje, veio-me a vontade mais que serena de subjetivar o passado e tornar-me outra. Posso? Até quando a imagem desse amor ideal vai esconder a realidade? Foram as manhãs de sábado, as tardes de domingo, a ‘anti-rotina’ da semana, a vida em intensidade e veracidade plena, que decidiram por mim a solidez desse afeto. As razões para esquecer já esgotaram. E me encontro em puro desequilíbrio.

Eu queria ver agora a sua face solar, ouvir suas verdades, rir do seu destempero e amar tudo em você como antes. Nem sei se amava ou se admirava descrente a beleza divina materializada. Será que era divina? A única coisa que você irradiava era dúvida. E hoje só sei duvidar desse tempo que te mantém distante. De quantos desafios será composto um encontro como o nosso? Nem penso, arrisco fácil se for pra te ver.

Que saudade de te levar nos olhos. Vontade de cravar felicidade no seu rosto e aplacar as suas dores. Só você desfaz o óbvio e produz metamorfoses. Saudade de te acordar com citações de Neruda, Vinícius, Rilke e nunca exaurir nosso repertório de autores. Desejo suplicante de conquistar cada sentido do seu corpo. Sentir o gosto da sua personalidade em mim. É tão desconcertante a tua ausência. É como se eu não estivesse em casa. Entendes? Eu sei que sim. O fato é que na vida só o amor correspondido não basta. Mas o que eu faço com o suspiro involuntário, com o arrepio automático, com o torpor enlouquecedor das lembranças? É, tá difícil. Ainda mais quando só encontro amores superficiais para tentar te substituir. Amor, sou rendida aos teus encantos. Salva-me...

"...No entanto a tua presença
é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto
existe o teu gesto e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar
uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne
como nódoa do passado..." V. de Moraes


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Intuição, meu bem!

Quem conseguirá neutralizar os instintos de uma pisciana? Ainda mais assim, tão enraizados na experiência? É mesmo muita pretensão. Não existe surpresa nesse fato. O que me toma agora, já é conhecido de antes e veio em boa hora. Já começo largar no pensamento o que de válido se mantém. Eu vivo solta, sou escorregadia e esse destino vez por outra aflora.

É inegável que em cada desencontro uma verdade vai embora, e a pele torna-se o improvável ventre da memória. Mas tudo bem. Eu sei que o poder íntimo do que tem que ser é pre requisito pra qualquer história. E o passo adiante vem, pra levar meu corpo, minha cara e toda hipérbole amorosa. Uma faísca divina e o futuro sempre vigora.

Fecho os olhos, e que vazio obsoleto. Melhor ocupar o coração com a parte mais amada da vida e que, de todas as belezas, é a mais grandiosa: a relação. Essa constituinte inexorável da odisseia humana e que me fascina nas suas variadas formas.

Pra deixar bem claro, eu vou embora. Pra outro sorriso, outra descoberta e nenhum sentimento de classe inferior vai ser maior que minha vontade de brincar e aproveitar a vida. É mesmo um alívio quando a frase salta e pra cada dor uma palavra brota. O que você sabe? Tudo, a seu respeito. E absolutamente nada, dessa pessoa inacabada que sou e que prefere os delírios inesperados aos desenganos previstos.

"Quem me dera encontrar o verso puro. O verso alívio e forte, estranho e duro. Que dissesse a chorar isto que sinto." _ Florbela Espanca


domingo, 1 de abril de 2012

Pela noite fria de uma cidade deliciosa, que envolve com charme e ar intelectual. Onde as pessoas conversam sobre Kafka e se fascinam parafraseando aforismos de liberdade. Agradável, mista e receptiva, tem nos sorrisos o calor familiar do nordeste. É como estar em casa à quilômetros de distância... Doce e quente. É isso meu bem, Curitiba mostrou-se intensa. Um cenário para encontros. Neste momento, uma celebração da arte e da beleza.

PS.: O espetáculo foi lindo, a casa estava cheia e os olhos brilhavam validando as palmas.